Comportamentos como birra, desobediência, agressividade, dificuldade em lidar com a frustração, etc. são típicos dos terrible two e terrible three (os terríveis 2 e 3 anos), também chamados de adolescência do bebê, mas podem começar desde 1 ano e se estender até os 10 anos ou mais. Tudo depende da forma como você lida com esses comportamentos.
A forma como você vai educar e estabelecer limites nessas horas é decisiva para a formação do caráter e da personalidade do seu filho para a vida adulta, tornando inclusive a adolescência que normalmente é uma fase de rebeldia em uma fase mais leve para ele e para você, mas tudo vai depender de como você agir agora, ainda na infância.
Eu sei que nesses momentos você deseja ter um manual que te ensine como educar seu filho, mas como você não tem esse manual talvez você bata, coloque de castigo ou não faça nada e deixe seu filho fazer tudo o que ele quer, mas acredito que nada disso está funcionando, por isso eu resolvi escrever esse artigo para te ajudar a entender alguns erros básicos que você possa estar cometendo sem perceber:
ESTRATÉGIA 1: GRITAR, AMEAÇAR, COLOCAR DE CASTIGO OU BATER. QUAL O PROBLEMA DESSA ESTRATÉGIA?

Prejudica a autoestima do seu filho.Se ele tiver um temperamento passivo (triste, choroso) as palmadas podem estimular a submissão como forma de fugir das punições e conseguir a sua aprovação. O problema disso é que seu filho pode tornar-se viciado em aprovação e pode passar a se submeter a humilhações ou fazer coisas erradas para obter a aprovação e reconhecimento das pessoas ao seu redor como amigos da escola, colegas de trabalho ou parceiro amoroso no futuro.
Estimula a agressividade. Caso seu filho tenha o temperamento da raiva ele pode achar que para se defender ele precisa agredir. Desta forma, sempre que ele se sentir injustiçado, incompreendido, ou desrespeita pela forma como você fala, ele pode te enfrentar tentando te intimidar e impor respeito através da agressividade já que foi este o modelo ensinado por você e ele não aprendeu como conquistar o respeito do outro através do diálogo. Inicialmente ele vai reagir assim com você e no futuro ele pode se comportar de forma reativa com as outras pessoas com quem ele se relacionar prejudicando as interações sociais dele;
Causa transtornos emocionais, pois quando você bate, grita ou ameaça imediatamente seu filho busca uma figura de referência para protegê-lo, acontece que essa figura é você, a mesma pessoa que está batendo, castigando ou ameaçando, assim ele sente-se desamparado, o cérebro dele começa a liberar o hormônios do estresse como o cortisol e a adrenalina o que prejudica o sono à noite e favorece o desenvolvimento de transtornos emocionais como ansiedade e depressão.
Atrapalha o desenvolvimento, pois quando o cortisol e a adrenalina são liberadas o cérebro do seu filho percebe isso como uma emergência e se desorganiza deixando de lado outras funções importantes como o crescimento ou a recuperação de feridas para atender àquela emergência emocional;
Estimula o hábito da mentira,pois quando você bate ou castiga seu filho, isso pode fazer com que ele passe a mentir para fugir da punição;
Provoca habituação. Sabe quando você entra em um local e tem aquele barulhinho do ventilador incomodando? Mas com o tempo você se acostuma com aquele barulho e passa a não ouvir mais? Acontece a mesma coisa quando você costuma bater e um belo dia seu filho diz: “Não ligo! Pode me bater!” Com isso você fica ainda mais irritada e quer bater ainda mais para tentar reduzir a afronta dele;
Prejudica a sua relação com seu filho, pois ele poderá ficar com medo de sua reação passando a não confiar em você para pedir ajuda quando precisar, passando a confiar apenas em amigos ou conhecidos que podem colocá-lo em perigo.
ESTRATÉGIA 2: “CANTINHO DO PENSAMENTO”. QUAL O PROBLEMA DESSA ESTRATÉGIA?

Alguns pais bem intencionados que não querem bater acreditam que usar a técnica do “cantinho do pensamento” e deixar o filho isolado sentado em um banquinho ou em um canto da sala vai fazer com que ele reflita e não repita mais o mau comportamento, mas estudos recentes da neurociência mostraram que a parte do cérebro responsável pelo autocontrole ainda não está totalmente desenvolvida nas crianças, por isso seu filho não consegue refletir sobre o que fez e se controlar na hora da raiva e não é justo castigá-lo por uma imaturidade cerebral que ele não tem controle.
Por esse motivo, colocar seu filho no “cantinho do pensamento” só fará com que ele se sinta abandonado, injustiçado e incompreendido e não o ajudará a desenvolver o autocontrole, diferente de outras técnicas e recursos lúdicos utilizados pela psicologia infantil.
Tem também os pais que acham que é uma fase e vai passar e não fazem nada agindo com permissividade o que só faz o problema piorar porque a criança cresce e leva os comportamentos inadequados junto com ela. Esses pais temem perder o amor dos filhos se usarem castigos e palmadas e acabam deixando que eles façam tudo o que querem acreditando que estão fazendo o melhor pelo filho, mas acabam provocando outros prejuízos.
ESTRATÉGIA 3: DEIXAR SEU FILHO FAZER TUDO O QUE ELE QUISER. QUAL O PROBLEMA DESSA ESTRATÉGIA?

Ele não desenvolve tolerância à frustração. Se você dá a seu filho tudo o que ele quer, no momento que você não puder dar ele fará escândalos cada vez maiores para conseguir o que deseja, pois ele percebe que ao fazer isso você acaba cedendo para que ele pare com o escândalo. Desta forma as birras serão muito mais intensas e frequentes o que o torna menos colaborativo para realizar as rotinas do dia a dia tornando sua vida um verdadeiro inferno;
Com o tempo ele passará a ter dificuldade para adiar a gratificação como por exemplo: quando adolescente ele pode não conseguir se privar de sair com os amigos para estudar para o ENEM ou concurso público, mesmo que a privação do lazer seja por curto tempo.
Ele passará a descumprir regras sociais.Se ele estava acostumado a ter tudo o que queria, no futuro se ele não conseguir o que deseja pode procurar “jeitinhos” para conseguir o que quer mesmo tendo que “passar por cima” das outras pessoas e até cometer atos ilegais;
Terá dificuldade para enfrentar as adversidades da vida.Como consequência pode desenvolver transtornos como depressão, prática de automutilação, ou ansiedade e pode se tornar agressivo com aquele que lhe causar frustração.
Desenvolve o mau hábito da procrastinação e da preguiçapor não acreditar que é capaz de realizar as coisas por si mesmo se tornando extremamente passivo, sem garra para batalhar pelo que deseja.
Se torna mimado e manipulador, ou seja, ele pode usar chantagem sentimental para manipular você e as pessoas ao redor dele para conseguir tudo o que ele deseja.
POR QUE VOCÊ TEM COMETIDO UM DESSES 3 ERROS?

Isso acontece porque ninguém te ensinou a melhor forma de educar seu filho e por isso você acaba replicando o único modelo de educação que você conhece, aquele que você recebeu de seus pais.
O problema de usar o modelo de educar de seus seus pais é que eles não tiveram acesso às pesquisas atuais da psicologia e da neurociência que provam o que realmente funciona para educar os filhos sem prejudicá-los, então você acaba usando tentativa e erro, ou seja, ora tenta o grito, ora dá o que ele quer, ora usa ameaças, ora usa castigos…, mas nada funciona ou ainda que funcione num primeiro momento não elimina as birras e maus comportamentos e ainda prejudica seu filho.
Por isso, como psicóloga infantil, eu vou te ajudar a entender o que realmente funciona e qual a melhor forma de lidar com o terrible two, com as birras, desobediências, agressividade e maus comportamentos do seu filho sem causar prejuízos emocionais para ele.
COMO LIDAR COM OS MAUS COMPORTAMENTOS DO SEU FILHO?
Lembre que a infância passa muito rápido, mas os primeiros 6 anos são a base da formação da personalidade. Por isso é urgente que você saiba o que fazer nessa horas para não prejudicar a formação do caráter e da personalidade do seu filho.
Lembre também que é na infância que seu filho deveria aprender a lidar com as emoções dele, mas se você não está preparada para educá-lo e desconsidera ou ignora as emoções dele, seu filho terá problemas inicialmente na infância e depois na vida adulta, da mesma forma como talvez tenha acontecido com você como consequência de você ter tido suas necessidades emocionais ignoradas na sua infância.
Para te ajudar com esses desafios você vai precisar aprender estratégias que te ajudem a pensar não só em corrigir o “mau comportamento” do seu filho, mas em como fazer isso sem prejudicá-lo emocionalmente. Pensando nisso, eu reuni as mesmas orientações e estratégias educativas que ensino aos pais de meus pacientes na clínica de psicologia infantil. Acesse o site: www.stopbirra.com.br e saiba mais.